domingo, 26 de agosto de 2012

Reflexão


Por Fábio Lucas Neves
No Twitter: @fabiolucasneves
Vivemos no “país do jeitinho”.
Furamos fila, até do transplante de órgãos, sem vergonha alguma.
Atrasamos contas e, mesmo assim, nos assustamos com o tamanho da multa.
Desconfiamos da polícia, somos mal tratados em delegacias, vivemos presos em casa com os bandidos soltos por aí.
Achamos um absurdo quando nos pedem para respeitar uma regra, como, por exemplo, não estacionar nas vagas exclusivas para idosos e deficientes físicos.
Afinal, burlamos essa lei todo santo dia.
No domingo, acompanhamos o Fantástico com a certeza absoluta que um novo caso de corrupção será divulgado.
Consideramos uma atitude normal pagar “algum por fora” para um funcionário “quebrar o galho” nas mais diversas situações.
Usamos relógio por mera curiosidade de saber que horas são, porque nunca respeitamos os horários dos nossos compromissos.
Somos indolentes, deixamos tudo para última hora, e ainda achamos graça.
Somos mal-educados ao jogar, de papel de bala e bituca de cigarro na rua, a sofá nos rios e córregos.
Em vez de não beber antes de dirigir, criamos sites e blogs para alertar onde estão as blitzes.
Nos nossos ginásios de vôlei, jogadores são chamados de “bicha” e “macaco”, sem pudor, nem punição.
Temos como ídolo da maior torcida do Brasil um “falso malandro” como Ronaldinho Gaúcho, a reinvenção dentuça e milionária de Vampeta no Flamengo.
Pagamos impostos por educação, saúde e segurança, mas os que podem recorrem a empresas particulares devido ao caos instalado nas instituições públicas.
Vivemos em um país que os donos de postos de combustíveis de São Paulo sobem imediatamente os preços por causa de uma crise de abastecimento no setor.
Somos cordeiros, aceitamos tudo passivamente, nos identificamos com a música “Vida de Gado”, de Zé Ramalho.
Nossos gritos de indignação e socorro são virtuais, acontecem pelo Twitter e Facebook.
Nosso poder de mobilização, ultimamente, tem sido verificado em eventos “alternativos”, como Parada Gay, Marcha da Maconha e festas rave.
Somos representados no Congresso Nacional por políticos vagabundos, que vivem às nossas custas sem nos dar nada em troca.
Temos o desejo oculto de chutar a bunda de cada um desses sanguessugas, que nada mais são do que o espelho da nossa sociedade.
Ao criticar o francês Jérôme Valcke, o (detestável e arrogante) secretário-geral da Fifa, damos uma aula de hipocrisia.
Porque nós, brasileiros, estamos longe de ser orgulhosos.
Se fôssemos, viveríamos em outra realidade e a bronca histórica e justa do cartolão estrangeiro não teria acontecido.
Notas
- Valcke errou obviamente na forma, mas acertou no conteúdo.
- A Fifa não colocou uma arma na cabeça de Ricardo Teixeira e Lula para levar a Copa do Mundo ao Brasil.
- Pelo contrário, o País se comprometeu a cumprir as exigências da entidade e, desde então, só enrolou.
- Nem um compromisso com o maior evento do esporte mundial, somos capazes de atender.

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Nelson Mandela

"A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo." "Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos." "Não há caminho fácil para a Liberdade." "Uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação." "A queda da opressão foi sancionada pela humanidade, e é a maior aspiração de cada homem livre." "A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias."