Por Fábio Lucas Neves
No Twitter: @fabiolucasneves
No Twitter: @fabiolucasneves
Vivemos
no “país do jeitinho”.
Furamos
fila, até do transplante de órgãos, sem vergonha alguma.
Atrasamos
contas e, mesmo assim, nos assustamos com o tamanho da multa.
Desconfiamos
da polícia, somos mal tratados em delegacias, vivemos presos em casa com os
bandidos soltos por aí.
Achamos
um absurdo quando nos pedem para respeitar uma regra, como, por exemplo, não
estacionar nas vagas exclusivas para idosos e deficientes físicos.
Afinal,
burlamos essa lei todo santo dia.
No domingo, acompanhamos o Fantástico com a certeza absoluta que um novo
caso de corrupção será divulgado.
Consideramos
uma atitude normal pagar “algum por fora” para um funcionário “quebrar o galho”
nas mais diversas situações.
Usamos
relógio por mera curiosidade de saber que horas são, porque nunca respeitamos
os horários dos nossos compromissos.
Somos
indolentes, deixamos tudo para última hora, e ainda achamos graça.
Somos
mal-educados ao jogar, de papel de bala e bituca de cigarro na rua, a sofá nos
rios e córregos.
Em vez
de não beber antes de dirigir, criamos sites e blogs para alertar onde estão as
blitzes.
Reclamamos da falta de educação no trânsito, mas somos capazes de cuspir nas
costas de um trabalhador em um estádio de futebol.
Nos
nossos ginásios de vôlei, jogadores são chamados de “bicha” e “macaco”, sem
pudor, nem punição.
Temos
como ídolo da maior torcida do Brasil um “falso malandro” como Ronaldinho
Gaúcho, a reinvenção dentuça e milionária de Vampeta no Flamengo.
Pagamos
impostos por educação, saúde e segurança, mas os que podem recorrem a empresas
particulares devido ao caos instalado nas instituições públicas.
Vivemos em um país que não incrimina ninguém pela morte de uma garota de três
anos, vítima de um jet ski desgovernado, na praia.
Vivemos
em um país que os donos de postos de combustíveis de São Paulo sobem
imediatamente os preços por causa de uma crise de abastecimento no setor.
Somos cordeiros, aceitamos tudo passivamente, nos identificamos
com a música “Vida de Gado”, de Zé Ramalho.
Nossos
gritos de indignação e socorro são virtuais, acontecem pelo Twitter e Facebook.
Nosso poder de mobilização, ultimamente, tem sido verificado em
eventos “alternativos”, como Parada Gay, Marcha da Maconha e festas rave.
Somos
representados no Congresso Nacional por políticos vagabundos, que vivem às
nossas custas sem nos dar nada em troca.
Temos o
desejo oculto de chutar a bunda de cada um desses sanguessugas, que nada mais
são do que o espelho da nossa sociedade.
Ao
criticar o francês Jérôme Valcke, o (detestável e arrogante) secretário-geral
da Fifa, damos uma aula de hipocrisia.
Porque
nós, brasileiros, estamos longe de ser orgulhosos.
Se
fôssemos, viveríamos em outra realidade e a bronca histórica e justa do
cartolão estrangeiro não teria acontecido.
Notas
-
Valcke errou obviamente na forma, mas acertou no conteúdo.
- A
Fifa não colocou uma arma na cabeça de Ricardo Teixeira e Lula para levar a
Copa do Mundo ao Brasil.
- Pelo
contrário, o País se comprometeu a cumprir as exigências da entidade e, desde
então, só enrolou.
- Nem
um compromisso com o maior evento do esporte mundial, somos capazes de atender.
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